Na próxima sexta-feira (29), a arte contemporânea ganhará seu espaço na Bahia com a entrega do mais novo equipamento cultural da Secretaria de Cultura do Estado (Secult-BA): o Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC Bahia). A criação do museu vem suprir uma lacuna e atende uma antiga expectativa do meio artístico e museológico do estado, em uma organização mais clara com relação aos acervos sob a salvaguarda do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), responsável pela gestão dos principais museus baianos de arte – o MAM Bahia, o MAB, e agora o MAC – e pela política museológica para o setor no âmbito estadual.
O MAC Bahia será instalado no Palacete do Comendador Bernardo Martins Catharino, local que já foi sede da Secretaria Estadual de Educação, Museu Rodin na Bahia, e onde antes funcionava o Palacete das Artes, no bairro da Graça, em Salvador. A edificação, tombada pelo Ipac desde 1986, passou por inúmeras intervenções para se tornar um museu, e, agora, foi mais uma vez readequado para receber obras e projetos de arte contemporânea. Dentre as adaptações necessárias, se destacam a criação de novos espaços expositivos e educativos voltados para linguagens contemporâneas, como a arte urbana, a arte digital, a videoarte, a performance e produção maker. Para a diretora-geral do Ipac, Luciana Mandelli, “o MAC Bahia será um museu voltada para o público jovem e para a inovação, tanto no meio artístico quanto no debate social, como um local inclusivo e provocativo, antenado com as temáticas e discussões relevantes e emergentes para o presente”.
Para Daniel Rangel, diretor do MAC Bahia, a entrega deste novo equipamento cultural reflete um movimento que vem impulsionado por uma necessária reorganização das coleções dos museus públicos, que inclui uma revisão histórica desses acervos, em conjunto com uma ressignificação do papel do museu na atualidade. “O MAC Bahia é um novo museu, porém nasce com uma história, vinculada ao MAM, quase como expansão natural do museu moderno, assim como ocorreu quando esse surgiu, conectado ao MAB. A coleção inicial do MAM foi composta, sobretudo, por obras que vieram do MAB, gesto repetido na formação do acervo inicial do MAC Bahia, cujas obras vieram do MAM, mais precisamente dos Salões do MAM Bahia, realizados entre 1994 e 2009.”
Para marcar a entrega do novo Museu de Arte Contemporânea da Bahia, será realizado o evento MAC_Bahia – 60 horas, com uma programação artística diversificada e ininterrupta, que se iniciará às 10h da sexta-feira, 29/09, e terminará apenas às 22h do domingo, 01/10. Essa programação contará com a abertura das exposições Acervo inicial MAC Bahia , Agô – Ayrson Heráclito e Muro; performances de break-dance, slam de poesia e música; bate-papos e oficinas; projeções de vídeo mapping e cinema a céu aberto; arte digital com dj, vj e live code; pista de skate; yoga, entre outras atrações.
Acervo contemporâneo – Na Casa, o visitante encontrará uma exposição composta pelas obras que foram transferidas do MAM Bahia para formar o acervo inicial do MAC Bahia. São cerca de 175 trabalhos, de 102 artistas de diferentes regiões do país, que foram premiados ao longo das 16 edições do Salões do MAM Bahia.
No Anexo, será apresentada a exposição individual Agô, de Ayrson Heráclito – artista, curador, pesquisador e professor – que atualmente é o principal nome da arte contemporânea da Bahia, e um dos principais do Brasil. A mostra apresenta um panorama de trabalhos em distintos suportes e períodos, incluindo alguns inéditos na Bahia. Sua produção e valoriza e ressignifica os pilares filosóficos, estéticos, artísticos e culturais que fundamentam a cultura baiana afrodiaspórica. Para Rangel, que assina a curadoria de Agô, “ter uma individual de Ayrson Heráclito, como primeira exposição temporária do MAC Bahia, além de um reconhecimento à trajetória e representatividade do artista no sistema de arte da atualidade, se torna o farol conceitual para a programação inicial do museu”, afirma o diretor.
Além das duas exposições na Casa e no Anexo, o MAC_Bahia abrigará a exposição Muro, com a participação de mais de 50 artistas urbanos que atuam nas ruas da cidade, que terão seus trabalhos incorporados ao acervo do museu. O MAC Bahia vai contar ainda com uma programação periódica de Vídeo Mapping (projeções de vídeos com efeitos e animações 3D interagindo na arquitetura do prédio); uma escultura skatável interativa (em formato de “mini-rampa” que permite a prática do skate); o Cine-Paredão (com exibições noturnas na área externa do museu com ênfase na videoarte); quatro laboratórios que compõem o Setor Educativo, sendo um voltado para as crianças e o público infanto-juvenil, e mais três estúdios para artistas e o público – um de áudio e vídeo; outro de arte digital, e outro que está sendo preparado para receber projetos que utilizam ferramentas da cultura maker, como impressora 3D e máquina de corte laser.
Infraestrutura – Para a readequação do museu foram investidos cerca de R$ 2 milhões, que inclui a contratação de uma produtora para viabilizar essas primeiras exposições e a programação da entrega, além da realização de serviços de manutenção e conservação predial, pintura e tratamento das fachadas do casarão e do anexo, novo projeto de paisagismo, readequação do espaço administrativo e de atendimento ao público. O café do novo museu contará com a assinatura gastronômica da renomada chefe Angeluci Figueiredo, cujo restaurante Preta está localizado na Baía de Todos-os-Santos.