MAM-BA realiza ações que marcam o Dia do Orgulho LGBTQIA+, nesta terça (28)

A iniciativa inclui divulgações que têm como objetivo a visibilidade tão importante para um movimento afirmativo.

Foto: Geraldo Moniz

Em busca da livre expressão, diálogo, respeito e transformação social, o Museu de Arte Moderna (MAM-Bahia) realiza uma série de ações, esta semana, para marcar o Dia do Orgulho LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis, Queer, Intersexuais, Assexuais e mais), celebrado nesta terça-feira (28 de junho). A iniciativa inclui divulgações que têm como objetivo a visibilidade tão importante para um movimento afirmativo. “Primamos, antes de tudo, por uma gestão humana, centrada no ser humano que carrega consigo imensa complexidade e diversidade que devem ser visibilizadas, entendidas e respeitadas em todos os espaços, seja nas ruas ou em um museu público, como o nosso”, afirmou o diretor do MAM-Bahia, Pola Ribeiro.

O dia 28 de junho é comemorado em todo o mundo devido a ‘Rebelião’ de frequentadores do bar gay Stonewall Inn, ocorrida na mesma data, no bairro de Greenwich Village, em Nova York (1969), quando eles decidiram se revoltar contra as abordagens humilhantes das quais eram vítimas por parte da polícia e autoridades locais. No ano seguinte (1970), e no mesmo dia, foi realizada a primeira marcha do Orgulho Gay.

Cotas e mediação – O museu tem na sua equipe pessoas que se autodenominam LGBTQIA+. O Programa de Monitores Amigos do MAM-Bahia também dispõe de cotas/percentuais para garantir que os LGBTQIA+ tenham oportunidade de trabalho. Ariel Oliveira, por exemplo, é a primeira mulher transexual a ser mediadora no MAM-Bahia. Os monitores atendem e orientam o público visitante com informações, garantem a salvaguarda das obras de arte e realizam visitas guiadas.

“É gratificante e uma grande conquista obter um emprego formal, sabendo a dificuldade que nós, pessoas trans, temos para conseguir trabalho na sociedade em função do preconceito”, comenta Ariel Oliveira. Com 25 anos e natural de Ipirá, ela cursa Artes e Design na Universidade Federal da Bahia e está no museu através do projeto Partiu Estágio do governo estadual.

Mercado de trabalho – Jaqueline Souza, de 28 anos, também é mulher trans e trabalha na equipe terceirizada de limpeza do MAM. Natural de Salvador, apesar de alguns casos de melhora, sabe que a dificuldade continua. “Já fui cabeleireira e hoje trabalho na área da limpeza do museu”, comenta Jaqueline. A limpeza é um trabalho importante devido a antiguidade (mais de 300 anos) das edificações do museu, a quantidade de espaços internos e externos e do seu tamanho físico, além do cuidado que se deve ter com as obras de arte.

“Sei como é difícil conseguir colocação no mercado de trabalho e por isso sou muito grata pela oportunidade”, destaca Jaqueline. Indagada sobre o ambiente de trabalho, Jaqueline diz que é “o melhor possível, pois me tratam muito bem; trabalhar no MAM é um lugar muito acolhedor ainda mais com essa vista maravilhosa”, finaliza. Para o futuro, Jaqueline pensa em fazer faculdade de medicina e atuar na área da saúde.

Ambiente e datas afirmativas – Por sua proximidade com o mar, o convívio diário com plantas, árvores e diversos animais, como pássaros, além da tradicional frequência de um público diverso, o MAM já dispõe de um ambiente acolhedor e distenso. Tanto Ariel, como Jaqueline demonstram bem estar, alegria e dedicação no desempenho das suas funções. “Desejo que outros órgãos, assim como o MAM já faz, deem mais oportunidades a pessoas trans a conseguirem seus empregos”, diz Ariel Oliveira.

Além do dia 28 de junho, existem outras datas afirmativas para a comunidade LGBTQIA+, como o Dia Nacional (29/01) e Internacional (31/03) da Visibilidade Trans, o Dia Internacional de combate à Homofobia (17/05), o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica (29/08), o Dia da Visibilidade Bissexual (23/09), o Dia da Visibilidade Intersexual (26/10) e o Dia da Solidariedade Intersexual (08/11), entre outros.

Desde 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero é crime. Mesmo assim, o país é o que mais mata pessoas trans e travestis em todo o mundo. Segundo relatório (2021) da Transgender Europe (TGEU), 70% dos assassinatos no mundo aconteceram na América Latina, sendo 33% no Brasil, seguido pelo México e Estados Unidos. A Associação Nacional de Travestis e Transexuais estima que 90% da população trans no Brasil tem a prostituição como fonte de renda e única possibilidade de subsistência. Por isso, a urgência de programas inclusivos, além do acolhimento e promoção de oportunidades.

Para Ariel Oliveira o convívio com os colegas é tranquilo. “Gosto de trabalhar no MAM, pois sinto que é um espaço acolhedor”, relata. Para ela, o contato com o público é bom. “Apenas o público adulto masculino às vezes apresenta olhar preconceituoso. Já crianças e adolescentes demonstram carinho”, ressalta Ariel. No futuro ela pretende continuar no mercado formal de trabalho, atuando com Artes.

As informações são da Ascom do MAM.